quinta-feira, fevereiro 18, 2016

Exame do Cremesp Reprova Quase Metade dos Médicos Recém-Formados


A escolha de uma profissão
é algo muito sério.
Torna-se ainda mais sério
se a profissão
for da área de saúde. 


No Brasil, ainda é predominante, entre as pessoas que pretendem escolher uma profissão, a preocupação com detalhes como quais profissões são as que apresentam maior facilidade de ingresso no mercado de trabalho, quais são as que oferecem melhores condições salariais, etc. Estes já são os primeiros erros graves. Para você entender melhor sobre isto, recomendo que leia "Estou formado. E agora?", "Sua Vida Depende Muito do Seu Marketing Pessoal" e "Quais profissões estarão em alta no Brasil em 2016?". 
Agravando ainda mais a situação, vem a influência da família, principalmente dos pais que tentam, ainda que sutilmente, convencer seus filhos a escolher profissões determinadas por eles. Ainda temos que lembrar que isto acontece num país em que as condições de ensino, desde o início do fundamental ao final do superior, são péssimas. O resultado de tudo isto só pode ser algo muito preocupante para todos nós, principalmente quando à profissão escolhida é relacionada à área de saúde. 
O caso registrado em São Paulo - e que com razão muito evidente está ganhando destaque na mídia - é uma confirmação disto. Dados divulgados pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revelam que quase a metade (48%) dos médicos recém-formados por instituições de ensino de medicina no estado demonstraram incapacidade para exercer a profissão. Dentre 2.726 médicos recém-formados que participaram do exame realizado em 2015 pelo Cremesp, cujos resultados foram divulgados ontem, 1.312 não conseguiram alcançar sequer a nota mínima. Cada um desses 1.312 acertou menos de 50 das 120 questões.
Uma informação dada pelo Globo.com diz que o Cremesp considerou que
"apesar dos resultados preocupantes, o desempenho dos novos médicos no Exame do Cremesp 2015 foi ligeiramente melhor que nos últimos três anos, com a taxa de reprovação ficando pouco abaixo da metade, 48,1%. No ano passado, os reprovados foram 55%; em 2013, 59,2%; e em 2012, foram 54,5%". Acredito que isto deveria ser dito da seguinte forma: "O desempenho dos novos médicos no Exame do Cremesp 2015 foi ligeiramente melhor que nos últimos três anos, com a taxa de reprovação ficando pouco abaixo da metade, 48,1%. No ano passado, os reprovados foram 55%; em 2013, 59,2%; e em 2012, foram 54,5%, mas ainda assim os resultados atuais são muito preocupantes".
Em seu próprio site, o Cremesp informa que "em geral, os egressos de escolas públicas tiveram melhor desempenho do que os de escolas privadas". Tal comparação não tem importância alguma, porque sabemos que o sistema de ensino que prevalece no país abrange todas as instituições. Há, no entanto, uma informação que merece ser destacada por sua importância: "A participação na prova começa a ser exigida para acesso à residência médica, para ter direito à participação em concursos públicos e para obter acesso ao mercado de trabalho". Isto já é uma ótima iniciativa, mas se torna melhor ainda se, ao invés de considerarem apenas a participação, passarem a exigir a aprovação no exame. Ótimo, mesmo, seria se em todo o país todos os recém-formados em todas as profissões só pudessem exercer as funções após serem aprovados em exames assim. Entretanto, o fato mais importante continua sendo a necessidade de uma melhoria urgente no sistema de ensino no país, do fundamental ao superior. 
Não é com o atual sistema de "cotas" para ingressos nas universidades que a situação vai melhorar. De nada adianta facilitar o ingresso de mais pessoas nessas instituições sem que elas estejam devidamente capacitadas para isto. Enquanto os resultados desastrosos demonstrados pelo Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) continuarem revelando que mais da metade de seus participantes não sabem fazer uma simples redação dissertativa-argumentativa e não conseguirem obter melhores resultados em interpretações de textos, operações aritméticas simples, etc., essa situação só tende a piorar. 

 Foto: Diário do Litoral.

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