segunda-feira, outubro 08, 2012

"Como faço para retornar ao mercado de trabalho?"

Procurar empregos na internet
deve ser apenas 
um "primeiro passo".



O índice de desemprego no Brasil ainda é muito alto. Talvez com o objetivo de fugir de problemas como grandes filas de atendimento nos escritórios do Sine (Sistema Nacional de Emprego), em agências de emprego, etc., ou simplesmente por comodismo, um número crescente de pessoas busca orientações através da Internet. São muitas as perguntas como esta postadas em espaços para comentários em sites, blogues e nas redes sociais online. Esses recursos ajudam, mas ainda estão longe de ser suficientes. Cada caso precisa ser analisado profunda e detalhadamente, e todos necessitam de um apoio presencial. 
A colocação no mercado - ou "primeiro emprego" - já encontra grande dificuldade. Quando o interessado é um profissional liberal recém formado (médico ou dentista, por exemplo), a clientela tende a preferir os profissionais mais experientes, aqueles que já gozam de notoriedade favorável em suas áreas de atuação pelo menos nas cidades onde trabalham. "Nunca vou a um médico ou a um dentista pouco conhecido" é uma das frases que mais costumamos ouvir de muitas pessoas. O mesmo ocorre com relação a advogados, técnicos em eletrônica, eletricistas, pedreiros, etc. A preferência é sempre relacionada aos mais conhecidos ou recomendados por alguém conhecido. 
Quando o profissional pretende obter uma vaga para emprego, o problema não é diferente: a maioria dos empregadores exige pelo menos um ou dois anos de experiência. Isto tem uma justificativa: a globalização mundial e a tendência em transformar o  mundo cada vez mais numa "aldeia global" amentam a competitividade entre as empresas. Isto faz com que elas não tenham tempo nem disponibilidade para treinar novos funcionários; por esta razão, quando necessitam contratar alguém, optam por pessoas já experientes. 

"Outplacement": "recolocação" ou "demissão"? 

Para aqueles que buscam uma recolocação no mercado de trabalho, a situação também não é nada fácil. Ultimamente a tentativa de recolocação por meio de orientação de profissionais especializados em casos assim vem sendo chamada de "outplacement". Entretanto, esta palavra da língua inglesa tem mais a ver com "demissão" do que com "recolocação". O "outplacement" é uma forma profissional de busca da viabilização para conduzir, com o devido respeito ao desempregado, os processos de demissão em empresas e outros tipos de organização (órgãos públicos, etc.). 
Até meados da década de 1980, as atividades de outplacement se restringiam aos países mais desenvolvidos, mas o avanço da globalização tornou esse serviço altamente procurado em quase todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento. O aumento da procura causou o aumento da oferta. Ou seja: ironicamente, o desemprego de muitos gerou emprego também para muitos (os profissionais que orientam desempregados). Isto ocorreu porque os governos e as empresas que até então não realizavam mudanças significativas em suas estruturas organizacionais deixavam funcionários expostos de modo que os níveis de suas capacidades profissionais viessem à tona com muita evidência. Isto revelou qualificações e desqualificações de funcionários, levou muitas empresas a adquirirem outras, desencadeou-se uma sequência de fusões entre empresas em vários países, e tudo isto gerou a necessidade de reorganizações - chamadas "reengenharias". Logo vieram as frequentes reduções de empregados como forma de conter gastos e terceirizações de serviços para gerar lucros. Eram consequências evidentes num mundo que estava (e está) vivenciando um mercado de economia aberta cada vez mais competitivo.

O "outplacement" no Brasil

Essas mudanças mundiais tão rápidas trouxeram e trazem novos desafios que se traduzem num desencadeamento de dificuldades profissionais. No Brasil, a prática do outplacement passou a ser mais conhecida no final da década de 1980. Durante os anos 1990, as empresas multinacionais que prestavam esse serviço passaram a ser mais conhecidas no país e isto causou o surgimento das primeiras empresas nacionais do setor. A exemplo do que ocorreu nos outros países, os efeitos da globalização e da tendência em tornar o planeta uma aldeia global facilitaram, no Brasil, o desenvolvimento de empresas multinacionais e nacionais de outplacement, bem como o sucesso de profissionais e consultores autônomos que oferecem serviços de gestão de talentos (o outplacement é apenas um desses tipos de serviços). Mas evidentemente não basta que o mercado para esse tipo de trabalho seja promissor: é preciso que o profissional de outplacement também tenha seu talento para isto. 
Quando ocorre uma demissão, geralmente o demitido se desestrutura emocionalmente, ao ponto de dificultar bastante ou mesmo inviabilizar totalmente a continuidade de sua carreira profissional. Eis por que se associa o outplacement à recolocação: seu objetivo principal não é exatamente a demissão, mas o acolhimento do novo desempregado, preferentemente desde o  momento da demissão, para orientá-lo sobre a melhor maneira de recomeçar. Cabe ao profissional de outplacement orientar o desempregado no balanço da carreira, ajudá-lo a redefinir seus objetivos pessoais e sua área de atuação visando um novo emprego ou o início de atividades por conta própria. A consultoria de recolocação auxilia o desempregado a desenvolver sua rede de contatos e de relacionamento. Por isto o profissional de outplacement também é um especialista em recolocação de desempregados no mercado de trabalho, pois ajuda a desenvolver técnicas de marketing pessoal (1) e de negociação. Esta é uma atividade em que a Internet não pode ajudar: precisa ser através do contato pessoal.

(1) Sobre marketing pessoal, leia também neste blogue os artigos "Sua Vida Depende Muito do Seu Marketing Pessoal" e "O Marketing Pessoal como Comprovação de Competência".   

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